Livro produzido por egressa da UFPA traz as perspectivas de uma pessoa cega quanto à devoção popular
No próximo sábado, dia 07 de agosto de 2021 , a historiadora Siblya Gomes irá lançar o livro "Da universidade ao cemitério: as experiências de uma estudante cega e as práticas de devoção aos santos populares". A obra, que traz as perspectivas e vivências de uma pessoa cega quanto à devoção popular, é baseada no Trabalho de Conclusão de Curso defendido pela autora no curso de História da UFPA.
O livro foi idealizado para tratar a religiosidade popular por meio da apresentação da miscigenação de culturas e crenças presentes na região, identificada em pesquisa feita no cemitério da Soledade, em Belém. A obra apresenta essas questões a partir da experiência da autora e pesquisadora, que é cega.
“A obra pode ser compreendida por dois aspectos muito importantes: o primeiro é a experiência de uma estudante cega durante seu curso de graduação — os desafios, dificuldades e a construção de uma universidade mais inclusiva. O segundo é a pesquisa sobre o universo do culto aos santos populares no cemitério da Soledad. Não se trata da devoção aos santos do cânone católico, mas de pessoas que prestam reverência a alguns mortos que estão enterrados no cemitério”, comenta o editor do livro e estudante de doutorado em História Social da Amazônia na UFPA, Ernesto Padovani.
Todas as questões levantadas no livro são discorridas sob a perspectiva da autora, que busca compartilhar os melhores meios e métodos, para que uma pessoa com deficiência possa realizar pesquisas. O intuito da autora é apresentar ao público uma noção básica sobre a temática, não apenas por meio de vivências abordadas, mas também com embasamento teórico bem fundamentado. A sugestão de trabalhar a temática partiu do orientador da ex-aluna, o professor Márcio Couto Henrique.
"A obra está dividida em dois momentos e busca trazer ao leitor uma noção de possibilidade: como eu, uma pessoa cega, pude colocar em prática essa pesquisa, já que ainda hoje o campo da pesquisa é cheio de regras inflexíveis? Busquei trazer essa noção de meios, métodos, possibilidades, dentro da diversidade em que eu estou inserida, como pessoa com deficiência, historiadora, cega, mulher, etc.", explica Siblya Gomes.
Segundo Ernesto Padovani, a publicação é uma grande conquista, pois, além de abordar uma história local que ainda é desconhecida por muitas pessoas, a obra também abre espaço para que o leitor/ouvinte possa entender melhor as vivências da pesquisadora. “Ela ajuda a pensar o espaço social do cemitério em suas dimensões religiosas, arquitetônicas, como lugar de memória, etc, além de demonstrar a capacidade da pesquisadora em produzir um trabalho rico em fotografias, com base na história oral, levando em conta toda a especificidade da Siblya Gomes ser uma mulher cega”.
A publicação do livro se tornou possível após a realização de uma campanha de financiamento coletivo, com ativa participação da comunidade acadêmica da UFPA, e será realizada pela Editora Cabana, que tem como compromisso o alcance social de suas publicações. No futuro, a expectativa é que a obra também possa ser lançada no formato de audiobook, que garante maior acessibilidade a todos os públicos. Por enquanto, para garantir o acesso de deficientes visuais, é indicado o uso de aplicativos como doxvox, um sistema de vox destinado a auxiliar o deficiente visual com a leitura de conteúdos digitais.
Serviço:
Lançamento do livro "Da universidade ao cemitério: as experiências de uma estudante cega e as práticas de devoção aos santos populares"
Data: 07/08/2021
Local: Espaço Cultural Apoena
Link para saber mais a autora
Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Foto: Divulgação
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